Regressamos aqui? Assim seja; opinemos.
Aparentemente, nós Europeus estamos fortemente dessincronizados ou andamos distraídos ou desalinhados, uns e outros, mais ricos e mais pobres, mais nobres ou mais plebeus. A agenda dita «do que há para fazer?» nem sempre corresponde a evidências factuais, em cada uma das presidências semestrais da U.E.
Atentemos neste estudo recente…
As momentosas relações causa-efeito que confluem para o declínio das ciências na U.E ., estão ancoradas na evolução da sociedade. São montes e resmas de factores, uns com maior grau de compromisso e outros menos. Das várias constatações, também lá estão as óbvias: é preciso inovar em termos metodológicos, mas eu acrescento que também é necessário inovar em termos organizativos.
A minha universidade reclama-se do «modelo de Aalborg» - quem quiser e tiver tempo e jeito para a curiosidade, pode ir ver o que isso é –
Reclama-se mas não aplica o modelo. Não se aplica o modelo porque, p.ex.: para eu entregar lições de "Modelação e simulação" aos meus alunos, preciso da presença de outro colega de trabalho na minha sala de aula. Explico-me:
-No quadro da esquerda vou expondo o contexto teórico e no quadro da direita, o meu colega, vai exemplificando com aplicações práticas o que significa o meu arrazoado que se pretende científico.
Isto faz parte do modelo de Aalborg; estamos a falar de um modelo de formação, contrariado na sua (não) aplicação por ausência de sustentabilidade financeira das entidades educacionais.
O modelo de educação finlandês, que o nosso PM foi visitar antes de tomar o assento, diz que o professor do ensino básico é objecto de supremo respeito. É este professor que ensina os miúdos e miúdas deste povo do Báltico a ler, escrever e contar. Não aprendem mais nada antes de evidenciar as qualidades que enunciei.
Quando as crianças estão em dificuldade nesta ou naquela etapa, chegam mais professores, ou seja, puxam-se mais recursos para a sala de aula; é muito importante que os futuros recursos da Finlândia não fiquem para trás, é que a Finlândia espera muito do seu povo e de cada geração de jovens.
Estamos todos (portugueses) envernizados num discurso que navega noutro plano paralelo e que não possui qualquer ponto comum com o nosso problema nevrálgico. A pergunta fundamental que tem de ser feita é:
- O que podemos fazer para que nem uma só criança portuguesa fique na escola, sem adquirir aptidões, tal qual uma estaca improdutiva que deixamos na horta a secar.
A questão fulcral não tem a ver com culpas próprias ou alheias de quem escolhe ser professor. Não vamos agora estigmatizar quem, por qualquer razão, optou por esse tipo de educação/formação e, como resultado de opções políticas de orientação geral, verifica ou confirma que não existe procura da respectiva proposta de valor.
Quando EU PROFESSOR apareço no mercado de trabalho e me posiciono no lado da OFERTA, sou visível através da minha proposta de valor. Olho para a PROCURA e digo em voz alta qual é o conjunto de benefícios que posso entregar à sociedade ou comunidade, se esta me contratar como prestador de serviços. Isto tem custos e alguém tem de pagar; claro que são fluxos financeiros que a PROCURA deve assegurar.
Optimizar a produtividade? Exigir eficiência? Mas alguém tem dúvidas?
Comecemos então pela liderança…
6 comments:
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Eu penso que neste país ainda não existe a conciencialização da importância de ser professor (muito menos dos professores). São professores porque é ou era um emprego estável, estava assegurado, à partida, um emprego com regalias que não existem no sector privado e a reforma estava garantida.
Aliás como acontece com os médicos, alguns não têm a minima vocação, mas como na Faculdade só entram médias altissímas (19,6-20)aqueles que têm realmente vocação para o ser ficam pelo caminho. A entrada para a Faculdade nestas áreas especificas (entre outras), que têm no fundo um caracter social e até de desenvolvimento da sociedade deveria funcionar também atraves da analise das aptidões/perfis profissionais. Mas esta é a minha opinião.
Agora voltando aos professores e falando da minha experiência.
Na primária e preparatória (agora 1º e 2º ciclo) sempre fui uma aluna de "Bom" em todas as disciplinas, exceptuando Desenho e Trab.Manuais que era de "Muito Bom". Confesso a minha paixão pelas Arte...mas isto irá ficar para quando as crianças crescerem e voltar a ter tempo para estar horas seguidas a pintar.
Mas vamos ao que interessa, na secundária (agora 3º ciclo) tive uma professora de Matemática que era completamente alucinada, chamava nomes aos alunos (seus burros entre outros...) a ensinar era uma completa nulidade. Odiavamos a senhora...à qual era conhecida como a "Bruxa". Criou-se aqui uma empatia fantástica entre professora e alunos. Resultado 3 Nota positivas restantes alunos Negativa (incluindo eu própria). Alguém se preocupou por analisar qual o motivo de haver tantas negativas a Matemática ? Que eu tenha conhecimento não.
O que é certo é que no meu caso concreto a Matemática (os números) passou a ser o meu motivo de fuga de tudo o que tivesse números.
Passei sempre com a negativa "certa" a Matemática
9º ano Opção Saúde - Adorei
Eis o 10º a hipotese de me livrar da Matemática para sempre - Opção Jornalismo e Turismo - Também gostei.
12º ano - Opção História, Geografia e Filosofia.
Esqueci-me de dizer que entretanto me apaixonei por História-que na preparatória até achava pouco interessante (decorar cronologia...) - mas tive a felicidade (o inverso da Matemática) de ter professores que davam história de maneira encantadora. Eles falavam.. e eu visualizava as batalhas, as pessoas vestidas à época...
Voltando ao que interessa, ensino superior opção História e Direito (influência da mãe). Frequentei os dois cursos, primeiro Direito (daria uma péssima advogada, ou não, mas na altura assim achei), História (ser professora seria o futuro provável, também não era o que eu queria). Fiz o 1º ano dos dois cursos (e passei) mas desisti dos dois.
Lá fui eu, fazer testes psicotecnicos, para saber afinal o que eu queria ser quando "fosse grande". Resultados: Arquitectura, Marketing, Gestão.
Gostava muito de Arquitectura, pensava eu, mas não pode ser tem matemática.
Opção Gestão de Marketing - entrei.
Quando eu vi nas pautas: Matemática, estatistica, gestão financeira, economia, contabilidade, entre outras - só me apetecia fugir, entrei em pânico.
Por minha sorte, tive um professor de matemática (que por acaso era o de estatistica)fabuloso. Deu-nos as bases que nos faltavam e tornou a Matemática numa disciplina que afinal só requer principios básicos, análise analitica e muita prática.
Eis aquilo que eu chamo a ironia do meu destino: tanto fugi da Matemática no liceu, e agora, tudo o trabalho, que desenvolvo mais de 8 horas por dia são "números, formulas, estatisticas" e sabem adoro o que faço.
Eu insisti, tropecei, levantei-me e continuei, mas perguntou-me quantos não terão desitido ?
Quantos não terão encontrado a sua vocação devido aos professores que encontram no caminho ?
Espero não vos ter maçado muito.
Até sempre.
Até sempre... significa o quê?
Já vai embora???
Ainda agora é de manhã!
Ora, antes de mais, queria avisar que é Domingo de São João, quatro da tarde e ainda sinto o caldo verde às voltas no estômago e, por mais duches que tome, ainda sinto o cheiro a alho porro no ar, portanto desculpem qualquer coisinha...
Reportando-me ao post original, queria "começar pelo fim". O Professor referiu, a dada altura, "Olho para a PROCURA e digo em voz alta qual é o conjunto de benefícios que posso entregar à sociedade ou comunidade, se esta me contratar como prestador de serviços". Parece-me que aqui radica um dos problemas da actual carreira docente. A carreira docente era estável pelo que os docentes poderiam dedicar todo o seu tempo à investigação e à preparação da docência. Com o surgimento da figura dos "prestadores de serviços", os docentes, face à precariedade do vínculo, não podem tão facilmente dedicar-se em exclusivo a esta actividade. Assim, são as próprias instituições (públicas e privadas) que ao substituir docentes contratados por prestadores de serviços, desincentivam a investigação. Este fenómeno poderá, também, contribuir para o declínio das ciências.
Quanto ao "modelo Aalborg" parece-me que a questão da sustentabilidade financeira é bastante interessante, pois talvez seja por este motivo que este modelo não é introduzido nas Privadas. Mas será que nas Públicas devemos, ainda assim, preocuparmo-nos com esta sustentabilidade em detrimento da qualidade do ensino?
Mil vezes mais complicado ANA, mil vezes mais.
Também me parece que o modelo de negócio difundido e praticado pela universidade (entidade pública) é praticamente ignorado (escondido) pela comunidade envolvente.
Nesta altura, já a generalidade dos que possuem contrato a termo certo e são mais de 50% dos profissionais do ensino superior, fizeram uma coisa que não é muito conhecida pelo «lado de fora»:
INSCRIÇÃO em "bolsas de interessados para exercício de funções docentes".
Diz a Reitora que estas candidaturas (de dentro) serão apreciadas pelos competentes orgãos da UA quando e se as necessidades de serviço & etc.etc.etc.
Ou seja, anda por aí um discurso muito repetido de lugares ad eternum que EFECTIVAMENTE são muito fugazes.
O outro ponto, o da investigação, esse dá vários livros. Contam-se pelos dedos a meia dúzia de sítios com verdadeiros programas de investigação, correndo sempre o risco de só haver dinheiro para pagar aos bolseiros uma vez em cada ano.
Aplicando o marketing global , um professor só cumpre a sua função se satisfizer e fidelizar o seu cliente - o aluno!
O alvo do ensino e da educação nas modernas concepções é o aprendiz.
A colega prova que muitos dos seus professores não lhe venderam bem o produto!
Resultado - insatisfação e crítica.
Eis como o marketing já anda e se respira em todo o lado!
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