Friday, June 1, 2007

Lean Management

Olá,

Como se devem lembrar, na disciplina de Recursos Humanos, do MBA, trouxe à vossa atenção novos conceitos e abordagens no plano da produção Industrial, nomeadamente através dos conceitos baseados na Lean Production.

Esses conceitos baseiam-se em princípios fundamentais adoptados pela indústria japonesa, nos anos 40, e que agora começam a ser tímidamente aplicados na Europa e, sobretudo, nos EUA.

Em jeito de lembrete, os princípios básicos da Lean Production, enunciados em 1990 por James Womack no seu livro The Machine That Changed The World são:
1. Valor (Value)
2. Cadeia de Valor (Value Stream)
3. Fluxo (Flow)
4. Puxa (Pull)
5. Perfeição (Perfection)

No entanto, Womack e Jones, em 1996, percebem que melhorar o processo produtivo não é suficiente para se atingir o ponto-chave do sucesso e o mundo requer uma passagem para a envolvente empresarial. Passámos da Lean Production para a Lean Enterprise. A ideia é simples, fazer notar-se em toda a empresa os conceitos adoptados na Produção.
Assim, em Lean Thinking, Womack e Jones sugerem o "Salto Lean" envolvendo uma revolução de toda a mentalidade da organização e criando soluções Lean transversais a todas as áreas e baseadas nos seguintes princípios:
1. Definir um Agente da Mudança
2. Espalhar o Conhecimento
3. Aproveitar os momentos de crise para servir de alavanca à mudança (ou criar uma crise que a permita)
4. Mapear as Cadeias de Valor
5. Reorganizar o negócio por Famílias de Produto ou por Cadeias de Valor
6. Criar a Função de Promotor Lean
7. Quando se melhorar alguma coisa, melhorá-la de novo (Kaisen)
8. Utilizar o desdobramento das Políticas de Gestão
9. Convencer os fornecedores e clientes a também tomar os passos anteriores
10. Desenvolver uma estratégia Lean global
11. Converter as iniciativas de cima-para-baixo para de baixo-para-cima

Finalmente, em 2005, os dois autores editam o livro Lean Solutions em que apresentam aquilo que os clientes procuram e para onde as empresas devem estar viradas. No fundo, o princípio fundamental de give the costumer what he wants. Essas soluções são o primeiro passo para o desenvolvimento das relações em parceria entre clientes e fornecedores baseados nos princípios de criação de valor e riqueza em conjunto. Essas soluções são:
. Não fazer o cliente perder tempo com inutilidades que não acrescentam valor
. Fornecer exactamente o que se prentende
. Colocar valor onde se pretende
. Fornecer valor quando o cliente necessita
. Fornecer o valor que o cliente realmente necessita e não apenas as opções
. Resolver os problemas do cliente completamente e de uma forma permanentemente
A isto, os autores chamaram de Lean Management.

Neste momento, discute-se à volta da sustentabilidade. No último mail que recebi do Jim Womack, ele explica que o grande desafio do Lean é conseguir que as empresas sustentem as implementações e criem valor permanentemente. Está a acontecer que as empresas, após a implementação dos programas Lean, estão, aos poucos, a regredir. Ao que parece, as mudanças implementadas pelo Lean afectam, em muito, a vida dos gestores intermédios tornando-os quase obsoletos.

"I believe that the root cause of regression in most organizations today is confusion about priorities at different levels of the organization compounded by the failure to make anyone responsible for the performance of important value streams as they flow horizontally across the enterprise."

Ora, a solução para este problema é muito complexa e está longe de ter fim à vista. No entanto, Womack sugere que a solução terá que passar pelo tradicional PDCA, repetido incessantemente, até que a gestão intermédia perceba que a sua função é de auditoria contínua de quem está abaixo na Cadeia de Valor.

"To prevent regression, someone needs to periodically clarify priorities for each value stream and identify the performance gap between what the customer needs and what the value stream is providing. The person taking responsibility then needs to engage everyone touching the value stream in carefully capturing the current condition (the "current state") of the value stream which is causing the gap. The next step is to envision a better value stream and determine who will need to do what by when to bring it into being. Finally, the value stream leader needs to determine what will constitute evidence that the performance gap has been closed and collect the data to demonstrate this. This exercise is, of course, nothing but Dr. Deming's Plan-Do-Check-Act cycle conducted repetitively by the responsible person, ideally employing A3 analysis."

Dessa forma, conseguir-se-á perceber onde está a falha que gera a regressão. "Auditing every value stream will expose problems with the flow of value and contradictions in organizational objectives."

É assim que vai a inovação para os lados do Japão. Este é o seu retracto actual e quem estiver no seu alcance estará do lado certo.

Um abraço
Paulo César Martins

P.s. Para saber mais:
. Womack, James e Jones, Daniel, The Machine That Changed The World, Simon & Schuster, 1990
. Womack, James e Jones, Daniel, Lean Thinking, Free Press, 2003
. Womack, James e Jones, Daniel, Lean Solutions, Free Press, 2005
. Lean Enterprise Institute, www.lean.org

9 comments:

Anonymous said...

Na Europa, para além da indústria automóvel, é no Serviço Nacional de Saúde Britânico, que o esforço para pôr em prática, ideias e conceitos proporcionados por seguidores desta filosofia de produção, está mais agressivo.

crisferre said...

Compagnons,

Apreciei o artigo do Paulo, só lamento que tenhamos tido uma cadeira de RH que nos remeteu para a Idade do Cromagnon, desde de grunhidos a porrada no sexto fraco não nada mais ficou. Mas, afinal, há mais vida para além disso e o lean management é um bom exemplo.

Anonymous said...

LEAN pode ser o complemento de um assobio (baixinho) à passagem de uma mulher (homem) esbelta.
LEAN não significa necessariamente ‘corte nos custos’, embora esteja subliminar à fraseologia que acompanha esta filosofia (método) de produção.
LEAN não é exclusivo da fábrica de pneus ou tubos de escape. Mas não é fácil vender estes conceitos – estas práticas – na saúde ou na educação.
Tal como gosto de estudar física, partindo dos escritos de Von Humboldt ou de Rutherford ou de Schrödinger, também me parece interessante e motivador olhar para a temática LEAN sob os olhos espreitadores da Toyota; na rota das práticas disseminadas via Toyota Production System (TPS).
The phrase "Lean Production" was coined by a group of MIT researchers who wrote the book "The Machine That Changed The World."
Podemos sempre dar uma volta por sítios giros e dar ânimo ao Crisóstomo, aflito como ele anda pelo mergulho no Homem Cro-Magnon ou Australopithecus.

http://www.toyota.co.jp/en/vision/production_system/

http://en.wikipedia.org/wiki/Lean_manufacturing

http://www.toyotageorgetown.com/terms.asp

http://www.toyota.co.jp/en/vision/production_system/video.html

Olinda Maia said...

Boa tarde
Ler artigos sobre Lean Management é sempre interessante, principalmente se escrito por um defensor do método, neste caso o Paulo.
Através da disciplina de RH obtivemos, todos têm o CD, uma série de trabalhos realizados pelos alunos, sobre diferentes temáticas que contribuiu para o nosso saber (convém ler o CD, tê-lo não chega).Sou uma optimista e aprendo sempre alguma coisa, nem que seja não repetir.
Olinda Maia

juanitarebelo said...

De facto houve 1trabalho na disciplina de GRH que abordou essa metodologia em que os postulados eram o trabalho em equipa, a comunicação, o uso eficiente dos recursos e evitar desperdícios num processo de melhoria contínua.

De facto só não funciona, ou não há uma sustentabilidade desta metodologia se não houver controlo, pois de facto o ser humano, em geral, só tem determinados comportamentos se for controlado, se tiver consequências por não o fazer, se alguém vir, enfim há muito esta ideia de ninguém vê, é só desta vez…. Daí a importância das chefias e o controlo.

No entanto conheci um rapaz que trabalhou numa empresa japonesa que usava esta metodologia, e de facto permitia uma grande organização, rentabilização, até pelos próprios princípios inerentes “Proporcionar as coisas certas, no local exacto, no tempo certo e nas quantidades necessárias, minimizando simultaneamente os desperdícios e sendo tolerante e flexível à mudança”. No entanto estava tudo tão definido, estipulado, a rigidez era bastante e por vezes tornava-se desconfortável, pois era importante estar atento a todos os aspectos e pelo testemunho havia pouco espaço para criatividade.

Acredito que esta metodologia funcione ás mil maravilhas no mundo oriental, pois a mentalidade, perspectiva de vida, modo de pensar e funcionar, a própria capacidade de trabalho, no que respeita à Europa tenho algumas dúvidas quanto á sua implemnetação e de facto aqui sim, sustentabilidade. Nos EUA mais facilmente imagino que consigam mais cedo ou mais tarde implementar esta metodologia com sucesso, mas realmente também não detenho um grande e aprofundado conhecimento da metodologia.

Se calhar até vai de encontro com a minha forma de trabalhar, pois sou extremamente organizada, mas há muito bons profissionais que só se encontram na confusão, e já para não falar em pôr o zé-povinho a cumprir estes princípios…………. 

juanitarebelo said...

Quando fala no SNS Britãnico não contempla a questao da perfeição, nomeadamente se falamos de dentistas, é uma vergonha!!!!
São contabilizadas as pessoas atendidas "por cabeça" e nâo há tempo para tratar dentes, é arrancar logo...desnconfio que aqui essa metodologia não se aplique a 100%, mas no que toca a rentabilizar recursos de facto o exemplo é perfeito!!!

Alexandre Sousa said...

Bom dia, povo trabalhador.
Dando troco à Joana Rebelo...
Entendamo-nos, uma coisa é fazer coisas bem feitas, outra é a bandalheira, a triplicação de tarefas, o deixa lá amanhã também é dia e outras portuguesíssimas virtudes.

O esforço que tem vindo a ser feito no HNS é legítimo e sério. O orçamento é, a seguir à Defesa (pudera) o maior do UK. Todos eles têm muitas dúvidas sobre o êxito da iniciativa, mas parte das melhorias vão aparecer de facto.

Estes MBAs para além de possuírem CEOs a discursar de modo monocórdico também deviam incluir visitas práticas às empresas; por exemplo, uma visita à Simoldes Plásticos traz um filme nos olhos sobre o que é o método LEAN.

juanitarebelo said...

Acho excelente ideia, de facto não há como ver para perceber como funciona!E nã pudendo lá ir, n ha nenhum documentario sobre uma empresa q trabalhe com este método que possamos ver, nem que sejam excertos?era algo a procurar no utube:)
Juanita

rualbran said...

Qualquer método ou processo não é imutável com o tempo, nem é um fato de pronto a vestir, que se aplique á medida.
Cada realidade social é singular,evolutiva no tempo e no espaço, e são os métodos e processos que devem servir os grupos humanos e nunca o inverso!
Reconheço ao lean management méritos indiscutiveis, que devem ser temperados com as relativdades que expressei. Não estou de acordo com a colega Crisferre quando evoca o sexo fraco.
Eu substituiria por belo.
Faço ardentes votos para que, devido aos méritos da inovação e de outras modernices, não se tranforme em forte!Remataria citando o senso comum que diz que somos diferentes mas absolutamente iguais e precisamos uns dos outros!