Depois de ver o cartoon do Dilbert, de onde retirei apenas o final, sinto-me na necessidade de partilhar a minha visão sobre o comentário final.
Os engenheiros da nossa turma, não fiquem ofendidos, não é nada pessoal, apenas constatações do país onde viemos.
Sendo Licenciado em Gestão Financeira, fico completamente estupefacto com as capacidades dos "nossos" engenheiros. Gostava mesmo de saber o que é que ensinam nas FEUPs, ISEPs e etc... pois todos, ou quase todos, os engenheiros saem de lá a sentir que têm capacidade de quase tudo!
Eu explico.
Um engenheiro civil sai da faculdade e pensa "Vou abrir uma pastelaria", "Vou abrir uma empresa de brindes publicitários", "Vou ser um fotógrafo", "Vou escrever para um jornal", "Vou trabalhar para uma empresa de arranjos florais", "Vou abrir uma empresa!". Maior prova disso é o actual Primeiro Ministro ou o Guterres. "Tirei Engenharia? Vou para político."
Alguém tira Farmácia, vai para uma farmácia ou laboratório, alguém tira arquitectura, vai para um gabinete de arquitectura, alguém tira Direito, vai para jurista ou escritório de advogados, alguém tira Gestão, vai gerir uma empresa ou ajudar na gestão. Alguém tira Engenharia, alto e para o baile, "Eu posso fazer tudo! Vou criar uma empresa de distribuição de refeições ao domicílio!".
Quando tirei Gestão Financeira e recebi um diploma, não me passou pela cabeça "Vou fazer uma ponte!".
Julgo que a capacidade das pessoas poderem exercer funções numa área onde não são especialistas, pode influenciar o desenvolvimento de um país. ( mais uma vez, o nosso PM...)
Lembram-se da polémica que foi a nomeação de equipas de gestão profissionais nos Hospitais Públicos? Que queriam lá? Médicos? Engenheiros? Não, têm de ser gestores profissionais. E estes não chegaram lá a dizer que iam remover o apêndice de alguém mas sim gerir as contas do hospital.
Como podemos aceitar que Portugal tenha quase a totalidade dos seus psicólogos a trabalhar fora da sua área de especialização porque não têm uma Ordem dos Psicólogos? Tudo porque há um dois lobbies que não se entendem na divisão de poderes da instituição?
Os exemplos são intermináveis...
Moral da História: Que impacto isto tem na inovação do nosso país?
Aguardo comentários...
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11 comments:
Isto só lá vai caminhando, estrada fora. Todos somos judeus errantes e quem se sentir confortado com meia dúzia de figos poe ficar parado na borda da estrada.
Essa cena dos jovens engenheiros proporem maioritariamente pastelarias e quiosques como objectivo de propostas de empreendedorismo reflecte uma certa visão que lhes é transmitida por uma boa parte dos seus ídolos.
Li o post do Ricardo e obviamente não fiquei ofendido...
Na verdade, um engenheiro tem essa capacidade intrínseca de se sentir capaz de fazer tudo e essa é uma realidade inquestionável...
O pensamento sistémico e a abordagem metodológica a tudo o que o Engenheiro faz é prova inequívoca que pode abraçar qualquer processo com sucesso.
Não nos podemos esquecer que, numa sociedade baseada em números, os Engenheiros são reis e senhores. As cadeiras que temos abarcam, quase todas, essencialmente, matemática...
Para que se entenda melhor eu, por exemplo, tenho o curso de Engenharia de Produção. Ora, para mim, Kaizens, Leans e Six Sigmas não são novidade, como não o são os layouts das fábricas, os Sistemas de Gestão da Qualidade, os MRPs, etc, etc, etc... No entanto, e para que realmente se perceba o que é uma engenharia (pelo menos a minha) o meu projecto de final de curso foi um projecto de arquitectura de um edifício metálico (engenharia civil pura)!
Com isto quero dizer que quem tira um curso de Engenharia traz na bagagem determinados pressupostos de raciocinio mental que não se encontram facilmente nos outros ramos... e essa bagagem é fundamental para os negócios!
Infelizmente, ao que vejo principalmente nos cursos relacionados com gestão, a abordagem sistémica é negligenciada. Gostam de ligar o "complicómetro" e de perder a objectividade dos assuntos.
Para saber mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento_sist%C3%AAmico
Concordo plenamente com o Paulo.
A engenharia é das ciências mais metódicas que existe e não será complicado a um Eng. com algum esforço assumir cargos de gestão ou de política. Podia muito bem perguntar porque é que temos sempre governos com uma catrefada de juristas. Contudo a maioria dos cursos de engenharia tem componentes de gestão e o inverso não me parece que aconteça (o que sinceramente acho que seria benéfico).
A engenharia (qualquer uma delas) não é uma ciência que se mantenha estática por muito tempo, está sempre numa rápida e constante evolução.
A Engenharia é a arte de tornar metódico a resolução do problema.
Planeamento e metodologia são palavras de ordem da Engenharia e com esses dois conceitos bem interiorizados é meio caminho andado para o sonho e para o sucesso.
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Tenho dito.
Pois, à partida toda a gente percebe de Psicologia.....:) para muitos é algo que se aprednde nas revista e depois se usa o instinto, portanto qualquer outro profissional congrega competências de psicólogo, desde que ouça e dê umas dicas....
Pelo faco de não ser uma ci~encia exacta, tem muito que se lhe diga e não é tão simplista cmo parece.
Ainda há pouco falava com uma colega e dizia-lhe que podemos ter um emprego maravilhoso, uma casa fantástica, um carro topo de gama e a roupa da moda, mas se não estamos bem connosco, se não nos conhecemos os suficiente, estamos permanentemente em busca de algo que a matemática e a engenhocas não conseguem encontrar por mais infinitos que sejam os números....
E acredito piamente que tenha uma gande influncia na nossa capacidade de ser criativo, estar motivado e INOVAr:)
Olá,
Eu também sou Licenciada em Gestão financeira e Fiscal, concordo que alguns engenheiros irritam com o seu ar superior, mas tenho que concordar com o Paulo, que eles saem mais preparados par agestão de que muitos gestores.
O Paulo estava na turma dos economistas e não acho que sentiu muita dificuldade nas disciplinas financeiras. Porquê?
Não sei responder a essa questão, se calhar a universidade em que estudou é melhor do que a minha, ai!
na verdade creio que aqui se pensa muito no engenheiro como o faz tudo, mas nao discordo totalmente desse ponto de vista...de facto, discordo, sim, do facto de os psicólogos trabalharem fora da sua área... mas a verdade é que na actualidade este é um "mundo-cão" e por vezes profissionalmente somos "obrigados" a agarrar-nos a projectos que nem sequer tinhamos sonhado, nao sendo por isso que os mesmos ficam condenados ao fracasso...mas, como é óbvio, por vezes o processo de inovação pode ficar prejudicado à custa destes precalços.
Se a sua empresa valoriza a polivalência, e consequentemente, pretende reduzir o pessoal, e com isso reduzir a quantidade de salários pagos...temos a solução para si.. um engenheiro! um profissional qualificado em todas as áreas!!....
Sofia Peixoto
Respeito as diferentes opiniões dos colegas, no entanto tenho uma perspectiva diferente sobre a matéria. No meu ponto de vista, ao terminarmos uma Licenciatura ninguém sai Engenheiro, Psicólogo, Advogado ou o que quer que seja! Considero que saímos com uma bagagem de conhecimentos sobre determinadas áreas … bagagem esta que teremos que aprofundar e desenvolver ao longo do tempo! Saímos também com determinadas capacidades/competências que nos permitirão orientar o nosso conhecimento e desenvolvimento profissional.
Neste sentido, considero que as nossas competências não são definidas pela Licenciatura que concluímos, mas sim pelo que nós fazemos com as aprendizagens resultantes desta e das diferentes experiências que vamos vivendo e adquirindo…e a este nível são inúmeras as variáveis que podem contribuir para a nossa “apetência profissional”.
Se olharmos à nossa volta…são muitas as pessoas que têm um formação base numa determinada área e trabalham em outra diferente, e são competentes e bem sucedidas no que fazem! Claro que sendo eu licenciada em Psicologia nunca me vai passar pela cabeça construir uma ponte…como em tudo tem que haver Bom Senso! Mas eu sou adepta do desenvolvimento de conhecimentos multidisciplinares e da Polivalência…se eu não fosse assim, estaria tramada!!
Na minha opinião, as pessoas é que vão decidir, ao longo da vida, em que áreas querem trabalhar, as áreas que querem aprofundar e dominar…só têm que se sentir capazes para isso e investir nas referidas áreas! E este investimento não passa, necessariamente, por fazer Licenciaturas…não é este o único meio de se conseguir conhecimento nem de se desenvolver competências.
Conclusão: O limite somos nós próprios!
olá
Infelizmente não temos tido o engenheiro certo no governo.
Para mim ser engenheiro,gestor, psicólogo é indiferente, o que é preciso é gente com competências a todos os níveis.Gente com visão, com príncipios, com gosto pelo risco,...,gente que goste de ser melhor hoje do que foi ontem, gente que não seja contra mas sim a favor de algo.
Olinda Maia
Olinda Maia
Depois de ler os comentários feitos á volta dos Engenheiros e Doutores fiquei um pouco baralhada. Todos opinamos, todos reclamamos, aparentemente todos nos sentimos incómodos com a vida que temos! Agora eu pergunto, o que fazemos nós para alterar o que nos incomoda? Não andaremos “comodamente” a passear os nossos Diplomas enquanto lamentamos a triste realidade em que nos encontramos?
É verdade que não somos colocados nas áreas em que nos formamos. É verdade que não abrem postos de trabalho para os Psicólogos em tantos locais onde são tão necessários. É verdade que os Engenheiros são uns desenrascados (ou o que lhes quisermos chamar). É verdade que poucos de nós entendem em que pensam os nossos políticos…
Todos os factos constatados são verdadeiros, mas mais uma vez eu pergunto, o que fazemos para alterar a nossa realidade?
Eu sou psicóloga, e tenho em casa um engenheiro… Claro que este tema, Doutores/Engenheiros é uma constante, bem como o tema que aqui deixo para reflectirmos. Como engenheiro a minha cara-metade acha-se super… como psicóloga, eu muitas vezes penso que corro atrás de um sonho, porque apesar de trabalhar na minha área, já tive vontade de abraçar outros projectos, não por não gostar do trabalho que desenvolvo, mas por não ter trabalho suficiente. Teimosamente, ainda não abri mão da minha profissão e, na verdade não quero abrir!
Então, gostaria de propor que fossemos inovadores e déssemos voz alta às nossas queixas. Unamos forças para mostrar o nosso desagrado e lutemos por algo que nos satisfaça.
Chatice!!!
Faltava este... e não é que me havia esquecido?
Professor Porter received a B.S.E. with high honors in aerospace and mechanical engineering from Princeton University. He received an M.B.A. with high distinction from the Harvard Business School, where he was a George F. Baker Scholar, and a Ph.D. in Business Economics from Harvard University.
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