O facto de passar o período convencionalmente denominado «férias de verão» a trabalhar – isso ocorre sem falhas desde Setembro de 1991 – faz com que física e mentalmente, necessite de estar ocupado e concentrado em mais do que uma actividade.
Seja sério ou a brincar, trabalhando em cima daquela ideia que o Saramago agitou na entrevista ao Diário de Notícias, circulando entre Badajoz e a cidade grande de Portugal, entre esta e Salamanca, entre esta e o Porto, entre este e Vigo, dando a volta, regressando ao ponto de partida, pegando no Project Management e ajustando o planeamento a todas estas voltas e revoltas que a latinidade ibérica faz acentuar, nisto & aqui, vou dando o corpo ao manifesto entre as 6:45 e as 11:30, mais ou menos por aí.
Os litros de café obrigam a que mude a agulha da linha, algures entre a hora da comida e a hora da sesta. Sete livros, estão sobrepostos à direita da mesa de trabalho saltando um de quando em vez para o lado esquerdo, reforçando um ponto de vista, ou mais geralmente, levantando uma inquietação que, não raras vezes, demora dias até ficar quieta ou no mínimo, fingir, fazer de conta que já sabemos tudo.
Regressei um destes dias a uma dessas inquietações, provocada por um amigo que havia sido surpreendido (que não eu…) pela minha ausência de entusiasmo face a um senhor conhecido de muito boa gente, com bom-nome na praça e que dá pela etiqueta ‘Edward de Bono’. O meu ilustre colega ficou obviamente desapontado, quando brejeiramente lhe disse que o que nos une e nos divide (a mim e a de Bono) é Descartes.
O meu amigo disse mais:
- Acho que perdes muito tempo à volta do Schumpeter. A maior parte da malta de agora não acha piada nenhuma ao Schumpeter. Aquelas coisas que ele escreveu acerca da destruição criativa e coisa e tal… isso já não é nada.
Olhei para o meu copo de vinho tinto e maquinalmente para a garrafa. O vinho também não era bom. A banda não tinha som e a minha companheira do lado tinha o marido por perto. Vieram-me à memória os caminhos percorridos à procura da inovação, a emoção de uma ou outra descoberta, o diz-que-diz que Diogo não disse, mais o mau gosto do vinho acicatado pelo mau gosto da conversa, marcaram-me milhões de neurónios e dessa factura não me livrarei tão cedo.
Decidida que está a alternativa à construção da Ibéria, aqui fica ‘another brick in the wall’, fazendo como um dos homens mais citados em ciência & humanidades: Monsieur de la Palisse, ou seja, começando pelo princípio. Com que então? Schumpeter & coisa & tal? Assim seja!
Todas as escolas de Economia reconhecem a importância central das inovações técnicas e da inovação organizacional para o desempenho competitivo que as empresas e as nações (regiões) apresentam no quadro da economia mundial.
Façamos aqui um dos muitos parêntesis com que a nossa conversa se rompe:
■ ‘de Bono’ é criador de uma técnica; é um artista que se dedica a questões de criatividade e coisa e tal…
A inovação chega até nós pela mão da Economia. Schumpeter foi um criador da ciência económica que, sozinho, colocou a inovação no centro do seu sistema teórico.
■ ‘Theory of Economic Development’ (1912); tradução para inglês em 1934, Harvard Press
Schumpeter desaparece em 1950; o primeiro ‘paper’ digno de registo que agarra na temática da ‘difusão das inovações’ data de 1962 (E.M.Rogers). Rogers regressa ao local do crime em 1986, ‘Diffusion of Innovation’, dando conta de uma enorme explosão na investigação deste tema. Fiquemos por aqui…, ou seja, a sério, a sério, a sério, esta coisa de que estamos a falar é jovem, não tem mais do que vinte anos.
........... Pois é, tinha-me esquecido de um post-it muito pessoal:
Cheguei a este caminho em 1987, embrenhadíssimo num doutoramento em Economia do Desenvolvimento, não consegui contornar Schumpeter. O (meu) primeiro trabalho de escrita sobre estas tretas, chamou-se "Sistema Nacional de Inovação", foi publicado na Faculdade de Economia do Porto e hoje, faço o possível por não o mostrar a ninguém. Que querem? é a vida!
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