Wednesday, May 16, 2007

AULA – espaço (evolutivo) onde se dá a lição









Tivemos recentemente a visita da Ivone - bem vinda - que disse de sua justiça sobre a evolução (retrocesso) do modo como os professores de hoje entregam os seus «produtos» a alguns dos «clientes» [alunos, famílias, empresas, sociedade,...].
Deliciosamente, sugeriu que fosse dada uma aula de I&C no Café Velásquez.
Em alternativa, propomos o Majestic.
Uns e outros vão ficar a chuchar no dedo...
Tentaremos que este «post» não seja uma grande chatice, pese embora, a ciclópica resposta que tem de ser dada à Ivone, dados os pontos de interrogação que ela atira para cima da mesa… e eu com água na boca de pegar em brinquedos como este:
“Ensinar – aprender – investigar” … que tamanho tem as pernas para dar um passo com esta dimensão?!

Pessoalmente, sou partidário de uma corrente minoritária no nosso país, que advoga o envolvimento dos estudantes em tarefas, actividades e iniciativas de investigação, desde muito cedo. Os jovens das escolas básicas podem (devem) investigar coisas interessantíssimas da matemática, da física, da química, disto, daquilo e daqueloutro, sobretudo aprender a pensar, perguntar e responder acerca de tudo o que os rodeia. O ciclo só se fecha no fim de vida de cada um. À medida que a base de tempo da vida vai avançando, os estudantes que somos todos nós, gostamos mais de concentrar esforços nas nossas próprias questões. Chama-se a isso a construção do portfólio individual de aprendizagem.
O nosso “Café” não é nunca 100% favorável às questões que para nós são prioritárias. Umas vezes, a audiência é mais hostil e outras mais compreensiva. Todos nós usamos estratégias e tácticas que pretendem alterar a correlação de forças; por isso, nos últimos 20 anos tem sido feito apelo a cada vez mais tecnologia no interior e na envolvente do ensino. Na prática, 'vamos a todas' para que não se perca nenhuma oportunidade de reforçar o relacionamento entre professor e alunos, entre alunos A e alunos B, entre alunos e professor. Por isso: deitamos mão a plataformas de eLearning, fomentamos este ou aquele forum de discussão e debate, criamos weblogs, lançamos wikis, esmurramos joelhos e cotovelos na tentativa de responder a pequenas avalanches de correio electrónico e, obviamente, também preparamos meia dúzia de horas de convívio directo, real, nem sempre na mais entusiástica das atmosferas, mas como diria um antigo PM: - É a vida!

Se tivéssemos ao nosso dispor o tal “Café” com que eu e a Ivone sonhamos para aí fazer o nosso espaço privilegiado de ensino e aprendizagem, iríamos perder alguns pontos positivos que retiramos do ensino convencional:
“O professor segue escrupulosamente o programa, explica o que está escrito nos books, os alunos seguem com atenção a lição e tomam notas nos seus blocos de apontamentos.”
Ganharíamos seguramente outras coisas, aprenderíamos uns e outros colaborativamente, haveria certamente maior envolvimento por parte da maioria dos alunos.
Eu também voto na ideia do “Café”

7 comments:

Caco said...

Não sou tão conservador mas também julgo não ser tão aberto.

Mas reconheço que a maneira de passar a informação/experiências mudou, e muito. Os padrões de consumo de informação já não são o que eram e desde uma conversa de café à conferência de um Guru ou a consulta de um blog, tudo é educação. A valorização de cada uma é que pode ser um problema...

E a tecnologia está a elevar este padrão de consumo para um patamar algo complicado de perceber. Um dia vamos dar mais relevo ao que lemos no Wikipédia do que o que nos foi transmitido numa sala de aula.

A diferença entre as pessoas é que umas podem recear isto. Eu estou ansioso para ver!

PS- Estou pronto para o Café no Majestic! Anytime, anyday!

Ivone Amaral said...

Boa noite!!

E já lá vão 10 dias... Eu não digo que não tenho imbuído em mim este hábito de comunicação virtual??

De qualquer forma não podia estar mais sorridente... O meu 1º post prestou-se imediatamente ao meu propósito...

Caro professor... receio ter entendido mal a minha perspectiva.. ou terei sido eu que não me fiz entender?

Quando referi a possibilidade do Café Velasquez não o fiz com o intuito de "informalizar" o espaço de "ensino-aprendizagem"... Não me entenda mal, aprendemos em qualquer lado, de forma inconsciente, pela internalização de modelos, enfim...

Aquilo que pretendi salientar foi precisamente o curso inesperado, imprevisto, único e original que um diálogo entre duas (ou mais) pessoas pode sempre seguir... à semelhança do que acontece numa sala de aula!! Implica comtemporaneidade de interlocutores, o que não acontece num blog! O exemplo do Café Velasquez não passou disso mesmo, um exemplo. Quis com ele demonstrar que numa conversa informal, num espaço como aquele se poderia aprender, e muito, mas sobretudo quis salientar o factor presencial, para mim tão importante..

Prova disso foi esta confusão gerada... Será que se tivéssemos exposto estes nossos pontos de vista "face-to-face", ela teria tido lugar?

Não posso ainda deixar de pensar se o meu discurso seria exactamente este se já conhecesse pelo menos o rosto do meu interlocutor... enfim, coisas de psis...não são para levar muito a sério..

Em jeito de despedida, uma última palavra para o Caco que diz que um dia ainda vamos dar mais relevo ao que lemos no wikipédia do que o que nos foi transmitido na sala de aula...

Eu devo ter tido professores verdadeiramente excepcionais, porque não trocava nenhum deles (talvez a de educação física do 5º ano) pela melhor Wikipédia do mundo!!

Aqui fica também para todos eles o meu profundo agradecimento pelo tanto que me ensinaram!!Alguns deixaram mesmo saudades!!

Vemo-nos no Majestic, em frente a uma chávena de earl grey!

Anonymous said...

Em discurso directo, dois pontos, travessão...
Salvo raras excepções, que são válidas tanto para professores como para os alunos, aprendemos tanto num face-a-face como em 100 horas de leitura ou mais.

Não há nenhuma confusão. Creia, Ivone, que sem grande vaidade, percebi o seu ponto de vista.

Então e a chávena de chá preto, bem preto, não pode ser no IESF???

juanitarebelo said...

Boa noite!

Eu apesar de acreditar que a tecnologia é fundamental e que devemos seguir e estar a par do seu desenvolvimento, tirar partido desta, no ritmo acelerado em que vivemos, de forma a dar resposta aos recorrentes estímulos de que somos alvo, e de forma a responder ás nossas curiosidades e estar a par do que se passa à nossa volta e em todo o mundo.

Mas para mim o contacto com o outro, as relações humanas, o pensar em conjunto, discutir perspectivas, pontos de vista, ainda por cima sendo eu uma pessoa extremamente expressiva tenho necessidade de ver o outro, ler entre linhas, nas expressões, enfim, eu ADORO ESTAR COM AS PESSOAS e não há tecnologia que possa substituir as emoções, sentimentos, uma panóplia de sensações, experiências e vivências que não têm sentido se não forem ao "vivo e a cores".

Mas em termos de aulas fora da sala de aula, eu ainda sou mais liberal e sugiro a proxima aula (a um sábado) na praia, pois nem temos de nos afastar muito do iesf:)

E esta hein!?!
Joana rebelo

Ana Santos said...

Tal como a maior parte dos intervenientes, eu também me considero algo conservadora no que toca à transmissão de conhecimentos. Por exemplo, agora que muito se fala (e se faz) na implementação do famigerado "Processo de Bolonha", coloco algumas reservas na sucessão rápida e "sem espinhas" no processo de transição de ensino enquanto "transmissão de conhecimentos" para "aquisição de competências".

Na minha opinião, a implementação de um sistema de educação e ensino deste género terá de passar, antes de tudo, por uma reciclagem de conceitos e mentalidades. Assim, coloco muitas reservas quanto à modificação de sistemas de estudo e participação enraizados. Por exemplo, tomemos por ponto de comparação os famosos "leitores" do ensino mais tradicional.

Até há bem pouco tempo, existiam professores que leccionavam uma aula lendo uma "sebenta" e sem ser permitido aos alunos interromper para esclarecer qualquer dúvida. A avaliação passava apenas por uma frequência ou duas, consoante a disciplina fosse semestral ou anual. Será concebível uma passagem para um sistema de ensino no qual a avaliação passa pela participação nas aulas/elaboração de trabalhos / apresentação de aulas temáticas? Sejamos honestas: neste novo sistema, estabelecem-se hipotéticas "horas de trabalho" para os alunos, sendo que não acredito que os alunos saíam das aulas e vão, todos os dias, para casa estudar os temas sobre que falaram na aula desse dia e, de seguida, deslocar-se à biblioteca municipal para pesquisar bibliografia sobre esse tema para que, na semana seguinte, possam demonstrar ao docente a sua evolução. Chamem-me céptica mas esta é a minha ideia.

Quanto ao local da aula, poderá o mesmo passar por qualquer esplanada, desde que não tenha vista sobre a praia do meco lol

Alexandre Sousa said...

BOLOGNA
apenas duas aguarelas sobre as dúvidas da ANA...
UMA: Não esquecer que Bologna é assim mal comparado uma espécie de clube do Euro. Recordemos os desgraçados dos médicos da Ucrânia, o que passaram, para dois ou três, conseguirem um estetoscópio acreditado em Portugal.
DUAS: aqui é que a porca torce o rabo; todos quantos assistimos ao processo de pôr Bologna em letra de forma sabemos que somos nascidos e criados no país do faz de conta.
Bologna leva 9 anos de trabalho e nós só agora andamos a falar disso.
Obviamente, vamos andar a falar disto muito mais anos ainda, até porque o "espírito de Bologna" não é a dança dos 3+2 ou dos 4+1, é mesmo a alteração do modelo de ensino e aprendizagem na educação superior.
Continuaremos...

RC said...

No Majestic, no Velasquez ou na Tertúlia Castelense ou numa escadas como fazia no Verão quando era novo e tinha tertúlias com os amigos pelos motivos mais parvos (no sentido carinhoso) e outros mais sérios. Eu desde sempre assumi que a aula não se confina a quatro paredes, uma cadeira e um orador, não foi essa a minha orientação de estudo, tendo sido essa a principal razão por ter preterido as universidades pelos politécnicos (pelo menos para a licenciatura).
Por isso uma tertúlia para mim será sempre algo de majestoso e preferencial a qualquer outro método de ensino.

Concordo que Internet irá ter um papel mais importante na educação do que o que tem hoje(isto é mais um gajo da informática a falar). E acredito ainda que factores como a Wikipédia (entre outros) vão servir para "puxar" pelos professores, obrigá-los a usar o dia da semana que tem livre para se preparem efectivamente (o que poucos fazem).
Os outros que as preparam e que já se aperceberam do novo agente na educação adaptam-se e tornam-se em professores que não esquecemos. Aconteceu com a TV (eu sou da geração que foi "ensinada" pela TV) e agora acontece com a Internet. Concordo que não há máquina nenhuma que valha por um bom Professor e para mim bom Professor não é que tem o título mas aquele que aprende algo comigo (parece um contracenso, mas faz sentido se pensarem nisso). Das poucas horas de formação que dei (cerca de 400h) estou convicto de poder dizer que não existe um aluno que não me tenha ensinado algo.

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Tenho dito.