Wednesday, September 5, 2007

Investigação Aplicada «Métodos» (I)


Interrogamo-nos muitas vezes se deve ou não haver uma metodologia única, a verdadeira, a autêntica, para a prática da investigação aplicada.
A tentação, até porque fomos criados no mundo da física, é que devemos procurar obter a síntese dos diferentes métodos, para já e a traço grosso, convencendo académicos e profissionais de que deveriam impor aos seus investigadores ‘o pôr em prática os mesmos métodos’.
Depois, vêm à memória, exemplos passados, cheios de constrangimentos e plenos de oportunidades, dependentes de ambientes políticos e de urgências administrativas, e financeiras, e de poder, e de…

Recuperemos um ponto de partida e façamos uma pequena incursão à literatura de referência no caso das actividades I&D que é o Manual Frascati (OCDE, 2002), muito embora para a Inovação seja seguido o Manual de Oslo (OCDE, 2005).
A actividade de investigação e desenvolvimento compreende o trabalho criativo, empreendido de modo sistemático, com a finalidade de aumentar o ‘stock’ do conhecimento, incluindo conhecimento do homem, da sua cultura e da sociedade, e o uso deste conhecimento para planear novas aplicações. É assim que está enunciado no Frascati Manual.
Este manual de referência, da OCDE e do nosso MCTES, define três camadas de actividade para o I&D, cada uma com horizontes diferidos no tempo no que se refere à sua exploração potencial:

■ investigação básica: “é trabalho experimental ou teórico empreendido primeiramente para adquirir o conhecimento novo sobre os fundamentos subjacentes dos fenómenos e factos observáveis, sem nenhum aplicação ou uso particular na vista”

■ investigação aplicada: “é também investigação original empreendida com a finalidade de conseguir novo conhecimento. No entanto, esta dirige-se à partida no sentido de alcançar um objectivo determinado ou um alvo prático específico”

■ desenvolvimento experimental: “é o trabalho sistemático, ‘extracção de’ em conhecimento existente, ganhos provenientes da investigação e/ou da experiência prática, o qual é dirigido para produzir novos materiais, produtos ou dispositivos, instalação de novos processos, sistemas e serviços, ou para melhorar substancialmente aqueles já produzidos ou instalados”

Mas, a natureza da investigação aplicada é quase sempre iterativa. Tal como a própria questão – cerne da investigação – foco de todo o nosso esforço, raramente é estática.
Preferencialmente, para manter a credibilidade, conformidade e qualidade do projecto de investigação, o investigador deve fazer uma série de iterações dentro do projecto de investigação. A iteração é necessária não por causa de inadequações metodológicas, mas sim pelas sucessivas redefinições do problema aplicado, tal como o projecto havia sido planeado e implementado. É certo e sabido que, quanto mais conhecimento se ganha, maiores são os obstáculos inesperados que se erguem e mais desliza o contexto debaixo dos nossos pés.

2 comments:

RC said...

Boas,

Daí eu ter defendido a unicidade de um projecto de investigação. Aquilo que coloquei em questão foi se haveria ou não hipótese de uniformizar alguns processos a nível a investigação. Falo de coisas tipo: escolha e selecção de recursos, métodos de pesquisa.

Porque se não acabaremos por ter ferramentas únicas para projectos únicos, ou ferramentas universais com desperdicio de recursos.
Não sei se me fiz entender.

Cumprimentos

Anonymous said...

Mas o que é afinal a investigação Fundamental?