Durante os últimos anos em que trabalhei na FEP tive oportunidade de dar alguma ajuda na procura de colocação para os estagiários do curso de Gestão. Mais tarde, voltei a vestir essa camisola, na U.A., com os meus alunos de Engenharia & Gestão Industrial.
Posso ser vaidoso e falar alto, dizendo que sei do que estou a falar.
O que é o currículo de um jovem recém-graduado?
É meia página A4, com nome, morada, telemóvel e endereço de e-mail.
É difícil ao recrutador de pessoal perguntar ao jovem candidato o que este sabe fazer; é super constrangedor para o candidato fazer de conta que é uma pessoa capacitada para exercer a função em disputa.
A Escola raramente (nunca) se preocupa com este lado a que podemos chamar ‘fim-de-linha’; os administradores da Escola vão dizer que não é verdade. Existe em qualquer Escola, um professor ou técnico especializado que se responsabiliza pelos pedidos de estágio, eventualmente até são seguidos procedimentos e normas que fazem inveja a qualquer entidade certificada pela ISO 9000:2000. Tudo isto é muito bonito e fará as delícias de qualquer Director na hora de mostrar ao Conselho Geral que o seu departamento ou faculdade está organizado nos trinques. Mas, num lado se põe o ramo e noutro se bebe o vinho!
O Diário Económico, ontem, apontava para um caso ‘sui generis’ mas que faz pensar.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/1022227.html
Todos os que andam nestas guerras percebem que a suprema batalha que se aproxima é a da empregabilidade dos indivíduos que se prepararam mediante a obtenção de uma graduação e outros ainda, que pugnaram por uma pós-graduação. Que redes sociais tem vindo a ser criadas pelas Escolas no sentido de olear a colocação dos seus ex-alunos? Isto é dito não de um modo informal, como quem toma um café ou desliga o telefone. Que contactos activos, regulares, intensivos, extensivos, chatos, pegajosos, se mantêm entre os chamados directores do serviço de carreiras e os RHs das grandes empresas, os sites emprego online, a base de dados dos currículos dos ex-alunos?
Sabe-se que por via de outros interesses e de outros colinhos, esta matéria é deixada ao arbítrio das Associações dos ex-alunos, na nossa opinião: Mal!
Que empregos são normalmente oferecidos a quem termina um MBA numa Escola X?
Onde podem os estudantes procurar informação sobre o que há de novo em matéria de emprego?
Claro, claro que as chamadas práticas de um pseudo liberalismo cuja resposta mais comum é atirar os cristãos às feras nas arenas de Roma, remetem hipocritamente, para frases feitas do tipo: - Eh! Pá, eles que aprendam a nadar. Também fui atirado à piscina quando tinha seis meses de idade.
Tretas! Estas tretas escondem uma ignorância e uma incapacidade em planear o emprego. Nesta área, como em tantas outras, Europeus e Norte-Americanos diferem como a água do vinho. Entretanto, vão sendo conhecidos bons exemplos e boas práticas, infelizmente nem todas passíveis de imitação (a primeira inovação é tantas vezes uma imitação…), como aquela história dinamarquesa da flexiSEGURANÇA que os pobres se puseram a propagandear da noite para o dia enquanto não faziam contas à vida. Outros exemplos menos conhecidos, porque envolvem mais planeamento a prazo e menos foguetório, são trabalhos em curso na Irlanda e em regiões pobres da Grã-Bretanha, como é o caso da Escócia e do País de Gales. Saber e actualizar o conhecimento sobre necessidades de emprego é óbvio e elementar, como diria Sherlock Holmes. Perceber as tendências do novo emprego em termos de características, competências necessárias e exigidas, adaptabilidade dos cursos aos novos empregos, que fazer para encaixar as aptidões e habilidades dos novos graduados no puzzle do emprego, novas empresas que emergem, sectores de actividade económica que vão deslizando para novas orientações, mesmo que se diga que a Terra está parada e que o Sol gira à nossa volta.
O chamado emprego na Europa do Social: quem se tem preocupado com este fantástico empregador?
O exemplo citado acima pelo Diário Económico, e que nada tem a ver com os cursos da U.M. ou da U.A. que formam fundamentalmente burocratas para dirigir hipotéticos cargos da administração pública, é um caso prático que merece estudo aprofundado.
O primeiro grande trabalho de Peter Drucker foi seguir os passos diários de Alfred Sloan na administração da General Motors. Foi aí que ele aprendeu uma nova profissão e lucubrou a rede de ideias, métodos e técnicas que confluíram numa coisa a que chamou Management.
Imaginem que pequenos grupos de alunos, dois no máximo três, se envolviam durante o seu curso, no estudo de um problema prático afecto aos seus interesses e isso no seio de uma das grandes empresas nacionais. Confrontemos o próximo orador de um daqueles chatíssimos seminários, por acaso administrador de uma dessas empresas, com o conhecimento real que os alunos adquiriram quando passearam as xanatas pelo chão da mesmíssima empresa. Será que ambos os conhecimentos coincidiam? Surpresas?
Posso ser vaidoso e falar alto, dizendo que sei do que estou a falar.
O que é o currículo de um jovem recém-graduado?
É meia página A4, com nome, morada, telemóvel e endereço de e-mail.
É difícil ao recrutador de pessoal perguntar ao jovem candidato o que este sabe fazer; é super constrangedor para o candidato fazer de conta que é uma pessoa capacitada para exercer a função em disputa.
A Escola raramente (nunca) se preocupa com este lado a que podemos chamar ‘fim-de-linha’; os administradores da Escola vão dizer que não é verdade. Existe em qualquer Escola, um professor ou técnico especializado que se responsabiliza pelos pedidos de estágio, eventualmente até são seguidos procedimentos e normas que fazem inveja a qualquer entidade certificada pela ISO 9000:2000. Tudo isto é muito bonito e fará as delícias de qualquer Director na hora de mostrar ao Conselho Geral que o seu departamento ou faculdade está organizado nos trinques. Mas, num lado se põe o ramo e noutro se bebe o vinho!
O Diário Económico, ontem, apontava para um caso ‘sui generis’ mas que faz pensar.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/1022227.html
Todos os que andam nestas guerras percebem que a suprema batalha que se aproxima é a da empregabilidade dos indivíduos que se prepararam mediante a obtenção de uma graduação e outros ainda, que pugnaram por uma pós-graduação. Que redes sociais tem vindo a ser criadas pelas Escolas no sentido de olear a colocação dos seus ex-alunos? Isto é dito não de um modo informal, como quem toma um café ou desliga o telefone. Que contactos activos, regulares, intensivos, extensivos, chatos, pegajosos, se mantêm entre os chamados directores do serviço de carreiras e os RHs das grandes empresas, os sites emprego online, a base de dados dos currículos dos ex-alunos?
Sabe-se que por via de outros interesses e de outros colinhos, esta matéria é deixada ao arbítrio das Associações dos ex-alunos, na nossa opinião: Mal!
Que empregos são normalmente oferecidos a quem termina um MBA numa Escola X?
Onde podem os estudantes procurar informação sobre o que há de novo em matéria de emprego?
Claro, claro que as chamadas práticas de um pseudo liberalismo cuja resposta mais comum é atirar os cristãos às feras nas arenas de Roma, remetem hipocritamente, para frases feitas do tipo: - Eh! Pá, eles que aprendam a nadar. Também fui atirado à piscina quando tinha seis meses de idade.
Tretas! Estas tretas escondem uma ignorância e uma incapacidade em planear o emprego. Nesta área, como em tantas outras, Europeus e Norte-Americanos diferem como a água do vinho. Entretanto, vão sendo conhecidos bons exemplos e boas práticas, infelizmente nem todas passíveis de imitação (a primeira inovação é tantas vezes uma imitação…), como aquela história dinamarquesa da flexiSEGURANÇA que os pobres se puseram a propagandear da noite para o dia enquanto não faziam contas à vida. Outros exemplos menos conhecidos, porque envolvem mais planeamento a prazo e menos foguetório, são trabalhos em curso na Irlanda e em regiões pobres da Grã-Bretanha, como é o caso da Escócia e do País de Gales. Saber e actualizar o conhecimento sobre necessidades de emprego é óbvio e elementar, como diria Sherlock Holmes. Perceber as tendências do novo emprego em termos de características, competências necessárias e exigidas, adaptabilidade dos cursos aos novos empregos, que fazer para encaixar as aptidões e habilidades dos novos graduados no puzzle do emprego, novas empresas que emergem, sectores de actividade económica que vão deslizando para novas orientações, mesmo que se diga que a Terra está parada e que o Sol gira à nossa volta.
O chamado emprego na Europa do Social: quem se tem preocupado com este fantástico empregador?
O exemplo citado acima pelo Diário Económico, e que nada tem a ver com os cursos da U.M. ou da U.A. que formam fundamentalmente burocratas para dirigir hipotéticos cargos da administração pública, é um caso prático que merece estudo aprofundado.
O primeiro grande trabalho de Peter Drucker foi seguir os passos diários de Alfred Sloan na administração da General Motors. Foi aí que ele aprendeu uma nova profissão e lucubrou a rede de ideias, métodos e técnicas que confluíram numa coisa a que chamou Management.
Imaginem que pequenos grupos de alunos, dois no máximo três, se envolviam durante o seu curso, no estudo de um problema prático afecto aos seus interesses e isso no seio de uma das grandes empresas nacionais. Confrontemos o próximo orador de um daqueles chatíssimos seminários, por acaso administrador de uma dessas empresas, com o conhecimento real que os alunos adquiriram quando passearam as xanatas pelo chão da mesmíssima empresa. Será que ambos os conhecimentos coincidiam? Surpresas?
1 comment:
Realidade pura e dura do Ensino Superior em Portugal. Interessa formar (se bem que só há muito pouco tempo se "sente" que a qualidade terá de ter um peso enorme no ensino).
E depois há um método que nas faculdades nos querem fazer querer que é errado, mas que no final é o único que nos aconselham... "O Desenrascar".
Da minha experiência do meu tempo de associativismo estudantil, sobressai-me a ideia que essas associações realizam as tarefas das escolas no que ao acompanhamento do Finalista diz respeito, não porque as Escolas/Universidades as "convidem" a realizar mas sim porque sentem que elas não tem vontade de o fazer. E assim preferem ser elas próprias a assumir um papel que um também afectará as pessoas que estão nessas equipas associativas.
Ainda hoje (de ano a ano) recebo um e-mail da Escola onde tirei a Licenciatura a perguntar-me o que é que eu fazia e onde trabalhava. Já nem lhes respondo.
Certamente estarão à espera que um de nós se torne numa pessoa conhecida e aí sim oferecem-nos tudo e mais alguma coisa.
É triste, mas nem alunos, nem professores, falando na generalidade, dão a importância a este assunto.
Não adequam os temas dos cursos ao que o mercado precisa, muito menos preparam os alunos para o que poderão enfrentar. Existirão excepções, mas fico à espera para vê-las.
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Tenho dito.
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