Saturday, October 6, 2007

E se um MBA dotasse os azulejos de inteligência?




publicado por Jornal de Negócios • 04.Outubro.2007


Acreditar que um MBA pode mudar o percurso de uma vida, não é pensamento inusitado; mas conceber que um MBA pode tornar os azulejos inteligentes, aí a especulação adquire contornos menos expectáveis. E é na Grécia que o ideal se concretiza: um português formado em biologia marinha opta por uma escola de negócios grega – a ateniense Alba Business School – para frequentar um MBA executivo e, findas as aulas, é um dos mentores de uma empresa que dotou a indústria cerâmica de maior perspicácia e menor impacto ambiental.Para a narrativa que agora se constrói, interessa recuar a 1997, ano em que o português Diogo Thomaz desagua na Grécia. A preceder a opção pelos domínios gregos, o currículo anota sete anos no Reino Unido, onde conclui um mestrado em genética molecular e um doutoramento sobre o uso de tecnologia molecular para estudos de população de peixes – a licenciatura em biologia marinha, concluída na Universidade do Porto, justifica a natureza destes interesses académicos.Mas retoma-se a chegada à Grécia. “Mudei-me para o sector privado, para a área da aquacultura, que aqui na Grécia é realmente uma grande indústria. Trabalhei por seis anos como director de projectos de I&D e depois decidi tornar-me consultor para esta indústria na região do Mediterrâneo Oriental, especialmente Grécia e Chipre, mas com planos de extensão também à Turquia”, conta.Cerâmica inteligenteA experiência como consultor acaba por se revelar determinante quando Diogo Thomaz decide frequentar o MBA da Alba. Cruza-se com Ionnis Arabatzis, engenheiro especialista na área da nanotecnologia, e com um docente particularmente dado a estímulos empreendedores, Vasilis Theoharakis. É o início da NanoPhos – nasce em 2006 – e de uma máxima empresarial bem-aparentada: “Tune the nanoworld to serve the macroworld”.O “core business” aponta para a indústria cerâmica: um dos produtos pensados e desenvolvidos, o “SurfaShield”, confere propriedades anti-microbianas a azulejos vidrados, que usam a luz ambiente para destruir qualquer micróbio na superfície dos azulejos; um segundo produto, a gama “SurfaPore”, quando aplicada a materiais cerâmicos porosos – como telhas, azulejos polidos, bem como pedras e mármores –, torna-os impermeáveis à água, mas sem limitar as suas propriedades naturais de “respiração”. “Ficou claro que a minha experiência no campo da promoção de empresas inovadoras em mercados externos, bem como a minha relação com Portugal, e especialmente por vir da região de Aveiro, onde se concentra uma grande parte da indústria cerâmica nacional, seriam relevantes para a NanoPhos. E assim começou o meu envolvimento”, conta o empresário português.A importância lusaPonto estruturante da NanoPhos é a importância de Portugal no “benchmarking”. “Desde o início, tem sido o mercado onde fomos buscar ‘know-how’ industrial e compreender quais as necessidades que as indústrias cerâmicas têm em termos de dar novas ou melhores funcionalidades aos produtos”, diz Diogo Thomaz.É a partir das visitas a Portugal que a NanoPhos começa a projectar o futuro. Os dois empreendedores contactam directamente com empresas como a Revigrés, a Pavigrés, a RECER, a Telhas Umbelino Monteiro e a BarMat, entre outras. Discutem os métodos de produção, bem como necessidades industriais e mesmo a inovação presente. “Foi um ano que levou ao desenvolvimento e comercialização das primeiras linhas de produtos da NanoPhos”, enquadra Diogo Thomaz.Enquanto a NanoPhos ainda está a dar os primeiros passos – motivo pelo qual o volume de negócios não é revelado –, o empreendedor português decidiu potenciar a sua mais-valia de consultor. “Crie uma empresa em Portugal, a RealSales, que funciona como a ‘face’ dos seus clientes nos mercados externos e está agora associada à NanoPhos, bem como a um número crescente de empresas portuguesas de carácter inovador que estamos a projectar nos mercado grego e cipriota, sobretudo”, conclui.

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